04 agosto, 2009

Ver Hoje

Acordo, e vou correr... Adoro correr pela manhã, sentir o ar fresco na cara. Consigo pensar nos meus problemas, e tomar decisões e resoluções. A esta hora não anda quase ninguém na praia, ando completamente à vontade.

Chego a casa tomo um duche rápido, faço a barba, visto o fato, arranjo o cabelo, pequeno-almoço, perfume e ponho-me a caminho. Está um Sábado de Verão fantástico, não está demasiado calor, e corre uma brisa agradável. Não há transito e chego ao meu destino em 15 minutos. Coloco o cartaz cá fora, entro e abro as janelas, para que o cheiro a mofo seja menos intenso, a seguir ponho uma musica no leitor – Hoje vai ser jazz! - pulverizo as divisões com um pouco de ambientador.

Acho que os clientes que procuram uma casa, devem entrar e sentirem-se confortáveis imediatamente, para se sentirem em sintonia com ela. Por isso procuro tornar estas casas abertas ao publico o mais humanizadas possível.

Espero que o cartaz dê resultado… Este mês só vendi 1 apartamento. Se não subo as vendas a “Home Sweet Home” ainda me dispensa… Mas estou optimista e como agora está na moda abrir as casas durante um dia inteiro para quem quiser ver, em vez de as visitas serem marcadas, acho mesmo que vou conseguir vendê-la. Talvez devesse acrescentar no cartaz o nº de telemóvel para além das letras garrafais “Ver Hoje – Vende-se moradia”. Bem… Vamos ver como corre.

Por volta das 10 da manhã entram os primeiros potenciais clientes, um casal jovem que vai casar dentro de meio ano. Depois de alguns anos neste ramo começamos a conhecer as pessoas e sinceramente… não me parece que esta seja a moradia indicada para eles. Às vezes vê-mos as pessoas e percebemos imediatamente do que pretendem, e eles queriam algo mais modesto. Ao meio-dia entrou outro casal que vinha apenas matar curiosidade… Mostro a casa, perguntam o preço, tamanho da garagem, quantos metros quadrados tem o jardim, e no fim vão embora.

Vou comer uma sandes ao café mais próximo, o dia está a ficar mais quente. Por baixo do casaco, camisa e gravata começo a suar um pouco. A praia está cheia e cada vez chegam mais veraneantes. Que vontade de ir apanhar uns banhos de sol e dar umas braçadas naquele mar azul. Mas não pode ser. Tenho que ir vender aquela moradia.

Meto-me no carro, ligo o ar condicionado e volto para o meu local de trabalho.

A casa situa-se em Miramar numa daquelas ruas cheias de árvores, é uma casa antiga que foi totalmente restaurada, com 4 frentes, divisões com luz directa, 4 quartos, 4 casas de banho (2 privadas com jacuzzi e 2 de serviço), anexo, garagem para 3 carros, 500m2 de área coberta e 2000m2 de área descoberta, cozinha totalmente equipada, roupeiros embutidos, caixilharia térmica, vidros duplos, aspiração central, aquecimento central, alarme, sistema de vigilância, jardim e a cereja no topo: a fantástica piscina em forma de rim… Que está cheiinha de água azul. – Que vontade de dar um mergulho! - A casa que está completamente mobilada pois os antigos donos pretendem desfazer-se dela com o conteúdo. O mobiliário era de um estilo moderno um pouco minimalista contrastando com a arquitectura do edifício. Uma casa de sonho e prontinha a habitar.

Às 14h chegou um homem sozinho, mostrei tudo, mas quando lhe disse o preço… A cara dele mudou de expressão…

Até por volta das 19h mostrei a casa a mais 3 casais, um deles ficou muito entusiasmado. Felizmente já estava a chegar ao fim. Às 19:30h fecho as portas e vou embora, já não era sem tempo. Vou até à varanda ver se a rua mostra algum movimento.

Quando faltavam 15 minutos para me ir embora, chega uma mulher num Mini Cooper vermelho. Saiu do carro, atravessou o passeio e entrou na casa.

- Boa tarde!

- Boa tarde! Seja bem-vinda.

Que estranho… Fechou a porta da entrada… Tudo bem… Assim não entra mesmo mais ninguém fora de horas.

- Eu sou o Gonçalo!

- Maria.

- Vamos ver a casa? Começamos pelo andar de cima!

Volto-me de costas para ir buscar um folheto e quando me viro ela está a olhar para mim de alto a baixo. Depois olhou-me nos olhos e deu um sorriso muito subtil. Deve ter gostado do que viu… Nem tentou disfarçar.

Faço-lhe sinal para ela ir à minha frente. Era uma bela mulher tinha cabelos castanhos, tez dourada, trazia um vestido que acompanhava as curvas do seu corpo muito elegante com um padrão em tons de preto amarelo e branco, uma mala Luís Vuitton, e uns sapatos de salto alto. Tinha uma silhueta fantástica e um andar muito sensual. Enquanto subíamos as escadas pensei para comigo: Não te estiques, ela é uma cliente, tens que vender a casa e concentra-te nisso. Vá pensa em futebol…

Mostrei o 1º andar de cima todo e ela mal falou, acenava com a cabeça e dizia que sim. A sua forma de estar até me deixou um pouco desconfortável, parecia que me estava a provocar com olhares, sorrisos e gestos. A dada altura eu nem sabia muito bem como reagir, mas mantive-me à defesa.

O sol estava a começar a pôr-se e entrava na casa uma luz avermelhada. Já passava das 19:30h de certeza!

Descemos as escadas fui buscar o meu telemóvel à mesa de jantar antes de lhe mostrar o rés-do-chão.

Quando me voltei ela estava à minha frente e encostou-se a mim, olhou-me bem nos olhos e deu-me um leve beijo nos lábios. Senti o meu coração a acelerar, senti-me atraído por ela mal a vi a sair do Mini. Olhou-me nos olhos novamente como que à espera de resposta e eu não resisti e beijei-a. Primeiro devagar, mas depois com mais intensidade. Senti o gosto da sua boca a invadir a minha. Fiquei a arder imediatamente. Ela agarrou-me a gravata e puxou-me para o sofá, empurrou-me e fiquei deitado. Puxou o vestido um pouco para cima e sentou-se sobre mim.

Sorriu quando sentiu o meu pénis já erecto entre as suas pernas.

- Sr. Gonçalo!!! Seu maroto!

Passei as minhas mãos nas suas pernas, eram tão macias e não tinham um único pêlo. Ela tirou-me a gravata e pousou-a no sofá, começou a desabotoar-me a camisa rapidamente.

- Bronzeado, tonificado!!! Muito bem Sr. Gonçalo!

Esta mulher estava a tirar-me do sério, e eu nem sabia muito bem como reagir, ela estava completamente à vontade consigo e… comigo. O perfume dela era inebriante e parecia que me estava a deixar mais relaxado. Esta mulher sabia bem o que queria, isto notava-se no seu olhar provocador, nos seus gestos sem hesitação, na sua voz.

Começou a beijar-me os lábios, o pescoço, o peito e depois pegou nas minhas mãos e chupou-me um dedo, não tirando os seus olhos dos meus. Estava a ficar cada vez mais excitado.

Pegou na gravata e atou-me as mãos ao braço do sofá. Fiquei um pouco apreensivo, afinal de contas, isto podia ser só uma manobra para me assaltar. Tentei libertar-me mas estava mesmo bem atado.

- Não se preocupe Sr. Gonçalo!

Resisti mais um pouco mas acabei por me render.

Ela levantou-se e começou a tirar o vestido, correu o fecho até baixo e tirou o vestido, trazia lingerie preta de cetim e renda. Tinha um corpo espectacular, escultural. Ela era linda, mesmo linda em todos os aspectos, irresistível.

Tirou-me os sapatos e sentou-se na beira do sofá, beijou-me enquanto a sua mão me desapertava as calças. Fez deslizar a sua mão por dentro das minhas calças e agarrou o meu pénis, senti-me estremecer, os meus sentidos estavam à tona. Estava a sentir aquelas carícias com 10 vezes mais intensidade. Ela estava a dominar-me. Quis possui-la naquele momento, saborear cada pedaço do seu corpo colado ao meu. Mas pouco me conseguia mexer. Aproximou-se do meu ouvido e sussurrou:

- Quero-te assim, ansioso, quente, à minha espera. – e fez passar a sua língua pela minha orelha. Soltei um gemido baixinho. A sua respiração ao meu ouvido estava a deixar-me louco de tesão. Os seus olhos penetravam-me enquanto me seduzia.

Levantou-se e saiu da minha beira, do sofá não consegui ver para onde ela foi, mas consegui ouvir os seus saltos altos a afastarem-se apenas um pouco e depois a voltarem na minha direcção, quando a vi de novo estava com um preservativo na mão que pousou em cima do meu peito. Começou a tirar o soutien tinha os seios fantásticos, os mamilos bem delineados, com o tamanho certo, a cor certa, depois tirou a tanga, tinha apenas um pequeno triangulo de pêlos, muito bem aparado.

- Solta-me. – pedi-lhe, apetecia-me tocá-la, beijá-la, senti-la contra mim, saboreá-la.

- Não. Eu sei que estás a gostar assim, porque haveria de te soltar?!

Tirou-me as calças e os boxers, senti-me embaraçado naquela posição, só de camisa. Sentou-se em cima de mim novamente, beijou-me, as suas mãos percorreram o meu pescoço, o meu peito, até ao meu pénis. Senti-me outra vez naquele estado de êxtase. Ela colocou o preservativo, beijando-me o ventre. E sentou-se em cima de mim.

O meu pénis encaixava-se perfeitamente dentro dela, ela também estava muito excitada, movimentava-se em cima de mim devagar acariciando os seios, gemendo baixinho. Estava tão quente.

A nossa respiração estava sintonizada, os nossos gemidos cada vez mais altos, os nossos movimentos cada vez mais rápidos. A música já tinha acabado e só se conseguia ouvir o nosso gozo.

- Solta-me por favor! – Pedi-lhe com ar de cãozinho abandonado.

Ela aproxima-se e com apenas uma mão desata-me. Sentei-me, abracei-a, beijei-a, e toquei-lhe os seios até ficarem duros, as minhas mãos percorreram o seu corpo quente e macio, o seu perfume deixava-me embriagado, a sua pele macia, a sua boca, levava-me à loucura. Levantei-me do sofá com ela ainda em mim, segurei-a pelas nádegas, e levei-a até à mesa de jantar. Sentei-a e ela enrolou as pernas à minha volta, empurrando-me para si gemendo alto. Aproximei-me dela e beijei-a, e agarrei-a enquanto as minhas investidas eram mais fortes, as suas mãos arranharam as minhas costas, da boca saiam gemidos de prazer e gritos de tesão, ela estava a ficar descontrolada, sentia o seu corpo todo a tremer. O suor escorria na nossa pele. Eu também já não aguentava mais e vim-me com um longo grito.

Ficamos alguns momentos a olhar um para o outro com um certo ar de satisfação até conseguirmos regular a nossa respiração.

- Vamos tomar um duche? - pergunto, afinal podemos aproveitar a casa, está pronta a habitar.

- Sim!

Levantamo-nos, procuramos as nossas roupas, dei-lhe a minha mão e fomos nus até ao quarto principal, tirei toalhas do armário enquanto ela temperava a água. Entramos juntos para o duche, beijamo-nos demoradamente, desta vez eram beijos diferentes, menos carnais e pelo menos de minha parte com mais sentimento. Acho que estava a apaixonar-me por aquela mulher, pela Maria. Estes pensamentos assustaram-me um pouco, mas depressa se desvaneceram com mais um beijo. Ela era linda até no banho, a água a escorrer-lhe pelo corpo, pelo cabelo, pelo rosto tornava-a muito sensual.

Acabamos o duche, enrolamo-nos nas toalhas e fomos até ao quarto onde estavam as nossas roupas. Não queria que aquele dia acabasse já. Começamos a vestir a nossa roupa um pouco enrugada e descemos até à sala. Os nossos olhares eram cúmplices.

Ela foi até à sua mala e tirou um pequeno bombom de chocolate que me deu na boca juntamente com um terno beijo.

- Janta comigo hoje!?

- Não.

- Vamos voltar a ver-nos? – receava ouvir a resposta.

- Penso que não. - Lançou-me um olhar que achei ser de alguma tristeza e disse - Parabéns Sr. Gonçalo!

Com esta frase abriu a porta e saiu da casa. Fiquei perplexo com a última frase. Não percebi. Entretanto o meu telemóvel toca.

- Parabéééns – gritam do outro lado da linha, eram os meus amigalhaços, consegui reconhecer a voz do Pedro, do Carlos e do Zé.

Já não me lembrava que hoje era o meu aniversário, com os problemas de trabalho, esqueci-me completamente.

- Gostaste do bombom que te demos???!!! He he he, Ha ha ha!!! – riam-se muito alto

- Olha que foi muito difícil convencê-la… He he he!!! Mas quando ela te viu, disse logo que alinhava!!!

Algo fez clic dentro de mim. Desliguei imediatamente o telemóvel e corri para fora da casa apenas para poder ver o Mini vermelho no final da rua a virar à esquerda.

Voltei a ligar-lhes para eles me darem o contacto dela e eles gozaram comigo à brava, e não mo deram. Acabei por jantar com eles, mas não lhes disse uma única palavra do que aconteceu naquela tarde, apesar da insistência.

Passei o Domingo em casa um pouco deprimido, nem sequer fui correr de manhã. Na segunda-feira voltei à casa para tentar vendê-la. Tinha uma marcação às 19h, mas já eram 19:30h.

Cheguei, pousei os folhetos e os cartões e sentei-me no sofá, naquele sofá. Estava de mau humor. Aquela experiência deixou-me apaixonado pela Maria. Eu não queria acreditar mas era a realidade. Não consegui deixar de pensar na Maria o Domingo e a Segunda-feira inteira. Ainda conseguia sentir o seu perfume naquela sala. O nome dela repetia-se na minha cabeça vezes sem conta.

10 minutos depois batem à porta, nem reparei que a tinha fechado quando entrei.

- Pode entrar! – gritei, francamente não me apetecia estar ali.

- Boa tarde Sr. Gonçalo.

Voltei-me imediatamente para trás ao reconhecer a voz.

- Não consegui tirar-te da minha cabeça – disse ela

- O meu nome é Ana!

Lana Fraga

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